28.5.06

Guimarães Rodrigues e o UMJornal

Na sessão de esclarecimento que decorreu na sexta-feira, em Azurém, Guimarães Rodrigues disse que o UMJornal passou sempre ao lado da vida cultural da UM, ao lado do dia da UM, das iniciativas e projectos em que a UM estava envolvida. Disse ainda que, «há cerca de um ano ou ano e meio, o jornal adoptou uma linha que se revelou lesiva». Exemplificou dizendo que se queria fazer uma entrevista à equipa reitoral e depois se queria perguntar cá fora às pessoas o que achavam, ou seja, que se quereria «encher algumas páginas com isto».
Assim posta, esta apreciação seria apenas mais um exemplo claro das erradas opções estratégicas do seu mandato, com reflexos importantes na imagem da universidade no exterior.
O UMJornal foi premiado pela prestigiada Society for News Design (ao lado de publicações como o El Pais, O Público ou o Jornal de Notícias), uma das suas reportagens foi recentemente premiada num concurso promovido pelo Governo Civil de Braga (curiosamente, com um tema que hoje mesmo é manchete do Jornal de Notícias) e algumas das suas 'peças' deram origem a artigos em jornais de expansão nacional. O UMJornal - que era distribuído também a todos os directores e editores de órgãos de comunicação social nacionais - era considerado por muitos deles como o melhor jornal universitário do país e o seu modelo foi usado como exemplo para a criação de projectos semelhantes noutras academias.
Mas a questão é grave porque Guimarães Rodrigues decidiu ir mais longe.
O problema - que a partir de agora terá que levar a academia a questionar também o seu carácter - é que Guimarães Rodrigues falseou, perante uma plateia desconhecedora do caso, a história do UMJornal, recorrendo a insinuações que põem em causa a honorabilidade de quem participou no projecto.
O recandidato disse que
o jornal teria um compromisso para angariar publicidade, por forma a fazer face aos custos, mas que «da pouca publicidade que se chegou a ver não houve entrada de dinheiro nas contas do jornal». Além disso, disse que foram apresentadas despesas de deslocação a Lisboa e à Guarda sem que tivessem sido publicadas matérias sobre essas cidades.
Relativamente a estas insinuações, a
candidatura de Moisés Martins está em condições de afirmar que o UMJornal era um centro de custos com gestão administrativa assegurada directamente pela reitoria, via Gabinete de Comunicação e Imagem. Ou seja, a publicidade aparecia no jornal, a despesa era facturada às empresas em questão e as verbas seguiam directamente para a reitoria. Se, em termos de contabilidade, essas verbas não foram integradas no centro de custos correspondente, só Guimarães Rodrigues pode explicar o que aconteceu. As despesas de deslocação em causa terão sido a forma combinada com a reitoria para se efectuarem pagamentos pontuais e esporádicos a alunos-colaboradores. É lamentável que se esteja a recorrer a um procedimento combinado para efeitos de pura chicana eleitoral.
Por último, Guimarães Rodrigues deturpou os momentos finais do UMJornal, confundindo um pedido de declarações ao reitor com um pedido de entrevista e avançando daí para uma fábula que importa também desfazer.
Guimarães Rodrigues não gostou de uma série de conteúdos publicados no jornal, produzidos de acordo com critérios exclusivamente jornalísticos, e argumentando com uma deriva editorial deu indicações ao gabinete de informação para que todos os serviços da universidade entrassem em black-out.
Sendo que se tratava de uma situação de quebra de confiança, nesse mesmo dia o director do UMJornal pediu para conversar com o reitor. Dias depois da conversa, Joaquim Fidalgo apresentou formalmente a demissão.

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