8.12.07

Recorte de imprensa

IDEIAS EM CONFRONTO PARA DOCUMENTO FINAL
Opositores do reitor vencem para a
comissão estatutária da UM

Pedro Antunes Pereira

As eleições para a Assembleia Estatutária da Universidade do Minho não correram muito bem para o actual reitor. Esta Assembleia surge por imposição da nova lei das universidades e terá como função adaptar os actuais estatutos ao articulado legal. A lista que se dizia ligada a Guimarães Rodrigues perdeu por cerca de 20 votos contra a lista conotada com o candidato derrotado nas últimas eleições reitorais, Moisés Martins. No entanto, na prática, as duas listas elegeram o mesmo número de membros (seis). Para além dos 12 docentes, o órgão será composto ainda por três alunos e seis convidados externos.

Ora, como houve um empate técnico entre as duas actuais facções, caberá aos alunos o poder de decisão. Isto é, serão o fiel da balança, podendo assim fazer vingar as suas
próprias ideias. "Uma autêntica ironia", diz um elemento ligado a todo este processo. Recorde-se que as decisões tomadas por esta estrutura vão definir tudo o que se refere à Universidade, desde a sua condição, passando pelas eleições de outros órgãos, nomeadamente a eleição do reitor e terminando na orientação política.

A lista A, liderada pelo presidente da escola de engenharia, António Cunha, conhecido apoiante de Guimarães Rodrigues, apresentou, durante a campanha, uma proposta concreta para os novos estatutos da UM que foi muito contestada pela outra lista, encabeçada por Licínio Lima. Os vencedores pretendem começar por discutir o modelo de universidade, partindo das fundações do seu modelo e da sua missão e só depois avançando para "os acabamentos", isto é, a composição dos órgãos, os números, etc. Já a lista A admite trabalhar sobre as propostas concretas apresentadas. No entanto, as diferenças entre as duas facções são evidentes.

Licínio Lima acha que o documento dos seus opositores vão reduzir os departamentos a cinzas, porque "a estes somente caberia eleger o director, aprovar o plano de actividades e o respectivo relatório", questionando "a pertinência de um presidente de escola ter de ser obrigatoriamente um professor catedrático". A lista A defende "uma clara cultura de mérito, bem como práticas transparentes e saudáveis de prestação de contas e resultados, a todos os níveis da Instituição" e propõe que a "UM deve ser um instituto público, incorporando ensino universitário e politécnico".

Oito meses
É o período durante o qual a Assembleia agora eleita vai trabalhar nos novos estatutos da Universidade do Minho e onde vão ficar definidas as novas regras que irão orientar a academia minhota.

Resultados
Do total de inscritos (974) votaram 512, dos quais 224 votaram na Lista A e 243 na lista B, tendo havido 44 votos em branco e um nulo.

Lista A
"É necessário dosear o idealismo com o pragmatismo e com a realidade e os recursos que dispomos. É a investigação que valida a concepção justa de Universidade e, por isso, é necessária uma reorganização dos centros de investigação tornando-os mais ágeis e mais competitivos".

Lista B
"Uma Universidade diversificada, policêntrica, dando lugar ao dissenso e outras formas de dirimir os conflitos e não tem que se por de joelhos perante o mercado. A Universidade tendo que deixar de ser uma torre de marfim não tem necessariamente de passar a ser uma estação de serviço".

Jornal de Notícias, 06 de Dezembro de 2007