1.12.07

A Lista A de Professores e Alunos

Estamos entendidos sobre o que se joga nestas eleições para a assembleia, que na Universidade vai elaborar os Estatutos. Ideias, sem dúvida. Mas, como os tempos são sobretudo de mistificação, o que devemos avaliar mesmo são as práticas e as atitudes.

Somos a única Universidade do país com três regulamentos eleitorais: um para os professores; outro para os alunos; e outro ainda, para as personalidades externas. Em quase todas as Universidades, o regulamento eleitoral é único, de modo que a comissão eleitoral é única também.

Que razões terão levado os professores da lista A, com assento no Senado, entre os quais o seu cabeça de lista, a aprovar a proposta de vários regulamentos, apresentada pelo Reitor?

E por que razão os professores da lista B, com assento no Senado, entre os quais o seu cabeça de lista, preferiam um regulamento único?


Dou a minha opinião. Ao entregar à Associação Académica a condução do processo eleitoral referente aos alunos, apenas na aparência o Reitor deixou de exprimir a comunidade académica por inteiro, ao permitir que a Universidade aparecesse bicéfala na sua direcção: o Reitor parecia ser apenas a expressão dos professores; e o Presidente da Associação parecia representar somente os alunos.

Aqueles que conhecem a Universidade do Minho sabiam, todavia, que esta demissão do Reitor não passava de uma encenação e que nela se escondia um segredo de polichinelo. Na realidade, quem melhor do que a Associação Académica para controlar a presença dos estudantes na assembleia estatutária, ela que por sua vez gravita na órbita dos Serviços de Acção Social? Por esta vicejam, já avençados, desses estudantes canastrões, actuais dirigentes associativos, que se eternizam na Universidade, dir-se-ia que a estoirar os miolos, quando afinal levam dez anos para fazerem o mesmo curso que os estudantes comuns faziam em quatro, e agora em três! Em tirocínio rápido, o que seguem, sem engano, é as pisadas do seu mestre, o actual Administrador desses Serviços, ele que, em seu tempo, foi Presidente da Associação Académica.

Também entre os estudantes existe uma lista A. Se na lista A dos professores temos um Vice-Reitor, o Vice-Presidente do Conselho Académico e uns quantos Presidentes de Escolas, na lista A dos estudantes temos o Presidente da Associação Académica e outros membros da Direcção. Poder-se-ia dizer que os bons meninos não tiram os olhos dos bons exemplos dos pais. No que toca à estratégia para o controle da assembleia estatutária, como aliás em toda a estratégia para o controle da Universidade do Minho, é sob uma única batuta que funcionam, em concerto, Reitoria, Associação Académica e Serviços de Acção Social.

São estes, a meu ver, os termos da comparação entre as listas A, a dos professores e a dos estudantes. Exprimem ambas a estratégia desta Reitoria para a Universidade. Uma e outra emanam da estrutura de poder que, em décadas, se consolidou entre nós, mas que esta Reitoria levou ao paroxismo, a de uma união sagrada entre Reitoria e Associação Académica, que blinda a Universidade a qualquer debate interno e impede qualquer sopro de mudança. Reitoria e Associação Académica são acordes de um mesmo fado, que é uma fraca cantiga. A sobrevivência da Reitoria passa pela sobrevivência da Associação Académica. Mas a natureza «lateira», controleira, fandangueira e preguiçosa da Associação não se aguentaria de pé sem esta Reitoria e estes Serviços de Acção Social.