30.4.06

Três notas

1.
Daria vontade de rir, se não fosse grave, que a Reitoria da Universidade do Minho venha agora, cerca de quatro anos depois de ter tomado posse e a escassas semanas de nova eleição para o cargo de Reitor, avisar que criou um espaço de debate de ideias num assim designado "Portal de Comunicação".
Isto depois de, durante os últimos anos, ter calado a UMnet como espaço de debate, de que a censura ao texto de Licínio Lima, Prof. Catedrático do Instituto de Educação e Psicologia, é apenas o último e eloquente exemplo - não versasse ele precisamente sobre o candente tema da eleição do Reitor.

2.
Não é estranho que esteja a comunicação social a tratar do processo eleitoral na UM e que os órgãos de comunicação da UM nem uma palavra dediquem ao assunto?
O referido "Portal de Comunicação" entende que não deve comunicar o que quer que seja, sobre um assunto que está a mobilizar as atenções da generalidade dos docentes, funcionários e alunos.
O mesmo se diga, de resto, do jornal UMdicas, financiado pelo Serviço de Acção Social da UM, do semanário Académico (que ainda não dedicou uma palavra às candidaturas anunciadas ao cargo de reitor, embora já tenha recolhido declarações do candidato Moisés Martins).

3.
Não é estranho que a Reitoria tenha tanto cuidado em impedir que o espaço da UMnet seja utilizado como espaço de debate e não cuide de tomar medidas que impeçam que "toneladas" de lixo, do mais fétido que há, invada quotidianamente as nossas caixas de correio electrónico, esgotando num ápice a reduzida quota de espaço concedida e obrigando ao gasto de horas e horas de limpeza da caixa?

29.4.06

"Eleições primárias" para Reitor
- propõe o Prof. Mário Lima

O Professor Associado do Departamento de Engenharia Mecânica da UM Mário Lima decidiu comentar o texto do Prof. Licínio C. Lima, abaixo referenciado, fazendo algumas sugestões sobre o modelo de eleição do Reitor e manifestando o desejo de "não ser um mero espectador neste processo" .
Escreve aquele docente:
"Parece evidente para todos, incluindo os candidatos de há 4 anos, que o modelo actual não é credível, nem correcto, nem democrático. Isto porque o corpo dos chamados representantes que se preparam para "eleger" o Reitor, sendo apenas formalmente legítimo, não é de facto representativo, pelo menos para esta missão. A agravar a situação, recordar-se-ão das condições, no mínimo estranhas, para não dizer de uma ética duvidosa, em que essa eleição decorreu. E não é representativo porque, entre outras razões, à data da eleição desses representantes, as envolventes da futura eleição do Reitor não eram conhecidas: nem os candidatos, os seus programas, as suas equipas. Pela parte que me toca, não me sinto representado por ninguém para este fim! Os seus votos serão, apenas e só, a expressão da sua vontade individual".
As alternativas propostas por Mário Lima são as seguintes: "a auto-demissão desses 'representantes' e, uma vez conhecidos todos os candidatos, as suas linhas de acção, os seus programas, as suas equipas, convocar novas eleições para representantes, tendo então as listas concorrentes, entre outras propostas, a oportunidade de comprometer os seus apoios...".
Reconhecendo que esta proposta ainda que "razoável", será de aplicação "pouco (ou nada) exequível", o docente da Escola de Engenharia avança com outra sugestão "porventura bem mais exequível": a realização de 'eleições primárias' para Reitor, de voto universal ponderado, por corpos de alunos, funcionários não docentes, docentes não-doutorados e docentes-doutorados.
"A expressão dessa votação um-homem-um-voto, reflectindo a real vontade da Universidade, seria então transposta num acto meramente formal, destinado a cumprir o enquadramento legal existente, para as urnas, de forma pública, onde fossem comprovadamente respeitadas pelos «representantes» as proporcionalidades encontradas no voto universal".
Que dizem, a este propósito os docentes, funcionários e estudantes?

(Para ler o texto do Prof. Mário Lima, clicar AQUI)

28.4.06

Mais um texto que "não passou" na UM-net

"É porém inegável que o processo de participação na decisão, no que à eleição do Reitor se refere, se encontra profundamente amputado, transformando a maioria de docentes, estudantes e funcionários em meros espectadores da escolha realizada por uns poucos. Esta concepção de democracia demasiado formalista e procedimental agrava seguramente a já de si complexa crise de legitimidade da instituição universitária, reflectindo-se na falta de vigor da representação e da reivindicação perante o Estado e outros poderes e, talvez, na própria condição periférica que vem sendo atribuída nos últimos anos ao Conselho de Reitores".

É esta a posição que exprime Licínio C. Lima, professor catedrático do Instituto de Educação e Psicologia, num importante texto intitulado "A UM assistirá novamente à eleição do Reitor", que o "moderador" da UM-net entendeu não deixar passar.
O autor recorre aos programas dos dois candidatos a Reitor, que foram a sufrágio há quatro anos, para mostrar como o objectivo de democratizar o processo de eleição reunia o consenso geral. Cabia, evidentemente, à equipa do Prof. António Guimarães Rodrigues a principal responsabilidade em traduzir, na revisão dos Estatutos da UM, esse anseio da comunidade universitária.

(Os interessados em conhecer o pensamento de Licínio Lima sobre esta matéria poderão ler a versão integral do texto AQUI)

27.4.06

Moisés Martins na apresentação da candidatura:
"Um Reitor não é um senhor do Paço"


"Caros docentes, funcionários e alunos, um Reitor não deve ser, antes e mais nada, um senhor do Paço, nem o gestor de uma máquina administrativa, de costas voltadas para a Academia. Deve ser, sim, um académico. E, como académico, o Reitor deve ser um habitante do campus universitário, deve viver e sentir os problemas e as alegrias dos docentes, os problemas e as alegrias dos alunos, os problemas e as alegrias dos funcionários".

Foi este o tom da intervenção de abertura do Prof. Moisés de Lemos Martins, na sessão de apresentação da sua candidatura a Reitor da Universidade. Uma sessão amplamente participada - a sala estava repleta - e que não serviu apenas para o candidato debitar um discurso. A maior parte do tempo foi ocupada com as questões apresentadas pelos presentes. Temas como o processo de Bolonha, o método de eleição do Reitor, a vida cultural e a animação dos campi, a acção social e as unidades culturais foram algumas das questões apresentadas e debatidas.
Na sessão foi anunciada uma nova jornada, desta vez no campus de Azurém, na qual o candidato conta já apresentar a sua equipa de vice-reitores e pró-reitores. Essa sessão terá lugar no próximo dia 4 de Maio, quinta-feira, às 16 horas.

(Para ler o texto integral da intervenção do candidato, clicar AQUI)

26.4.06

Sessão de apresentação da candidatura

Na sequência do anúncio da candidatura, Moisés Martins decidiu convidar toda a Academia para uma sessão (que inclui debate), na qual explicará as razões que o levam a candidatar-se, enunciará as grandes linhas do que se propõe fazer como Reitor e apresentará alguns compromissos nos quais se empenhará de imediato, uma vez eleito.
É o seguinte o teor da mensagem que difundiu hoje mesmo, através da UM-net:

"A toda a Universidade do Minho

Caros docentes, funcionários e alunos,

Amanhã, quinta-feira, dia 27 de Abril, pelas 15 horas, em sessão pública, vou apresentar à Academia a minha candidatura a Reitor da Universidade do Minho.
Esta sessão far-se-á no Anfiteatro 2102 do Complexo Pedagógico 2 do Campus deGualtar.
Convido-vos todos a participar.
As melhores saudações.
Moisés de Lemos Martins".

O cartaz

24.4.06

Subscrição do Manifesto

A partir deste momento, todos os interessados em subscrever o manifesto de candidatura de Moisés Martins ao cargo de Reitor da Universidade do Minho - estudantes, funcionários e docentes - podem dar conta dessa vontade, escrevendo para o endereço de correio electrónico moises.uminho@gmail.com. Esta informação não se aplica a todos quantos já tomaram a iniciativa de comunicar o desejo de subscrever aquele documento. E muitos foram.

22.4.06

Da Universidade para a Região

Com um contributo sobre o lugar que a universidade deve ocupar na região, da autoria de J. Cadima Ribeiro, Professor Catedrático da Escola de Economia e Gestão, damos sequência a um dos propósitos deste blog, o de ser espaço participado de debate de ideias sobre a UMinho.
Do texto - cuja versão integral está AQUI - reproduzem-se a seguir dois excertos:

- "Instituições como a Universidade são vectores marcantes do campo de forças a que se alude antes. A sua importância estratégica será tanto maior quanto a instituição universitária tenda a ser vista pelas empresas e populações da região envolvente como um agente de primeira ordem da parceria mobilizável para o desenvolvimento. (...) Uma percepção errónea do significado e importância destes dados poderá levar a pretender que as instituições de formação superior e de investigação se constituam em centros de poder social e político, mesmo faltando aos seus intérpretes a legitimidade que resulta dos processos democráticos de escolha pública alargada"

- "Quando se consideram as propostas avançadas pelo actual reitor da UMinho, no início do seu mandato, de um designado "Pacto de Desenvolvimento Regional" ou, mais recentemente, de uma candidatura do Minho a "Região Europeia do Conhecimento", é em grande medida desse mal-entendido que se trata, para além de denunciar alguma insuficiência de informação. Lamentavelmente, este laborar no erro não só inviabiliza ideias que, em si, poderiam ser portadoras de futuro (refiro-me à do pacto regional, que não à da "região" do conhecimento), como tira espaço à Instituição no seu diálogo com os demais actores sociais. Se, entretanto, nem tudo foi perdido, é porque a UMinho vai muito para além da sede de protagonismo e estreiteza de leituras do actual titular".

19.4.06

Por um debate de ideias...

Este blog é um espaço de apresentação e discussão de ideias. Foi esse o ponto de partida da candidatura e essa será sempre a postura adoptada na edição deste Diário de Campanha.

Ainda que até ao momento não tenha sido feita a moderação de comentários, uma vez que não se pretendia censurar as opiniões aqui expressas, importará salientar que os editores deste blog se reservam o direito de não aceitar comentários anónimos contendo ataques individuais. Não é intuito deste espaço ser uma plataforma para acusações não fundamentadas e injuriosas.

Repetimos, este é um espaço de apresentação e discussão de ideias, em nome da centralidade académica e de uma efectiva cultura de participação.

PS: A opção alarga-se, naturalmente, em permanência, a comentários que tenham sido inseridos em posts anteriores

17.4.06

Primeira entrevista na imprensa regional (IV)

«Ensino Superior está barricado à espera de um abanão mais forte»

O papel do CRUP perante a tutela é uma das preocupações de Moisés Martins. Na última parte da entrevista ao jornal "Correio do Minho" são ainda temas em destaque a relação da Universidade com a sociedade civil e a internacionalização da investigação científica.

Parte IV

«É uma ideia [do Minho Região de Conhecimento] generosa e cheia de virtualidades, mas onde espreitam alguns equívocos. A centralidade académica são os professores, os alunos, os funcionários, os projectos pedagógicos. Claro que isto não é propriamente um convento, vive-se para fora da Universidade e inscreve-se no tecido regional. A Universidade pode ser um parceiro, mas o equívoco é pensar que a Universidade, a páginas tantas, pode ser expressão da sociedade civil, isto é, que pode liderar a sociedade civil por se imaginar que se tem um grande projecto.»

«Eu diria que política académica é uma coisa que um reitor deve fazer. Mas quem é que pode mobilizar a sociedade civil? As ideias da Universidade podem ser propostas à sociedade civil, mas uma ideia hegemónica é um equívoco. O que temos visto nestes anos últimos é as ideias generosas da UM serem envenenadas pelo equívoco.»

«A reitoria não se afirma junto da tutela, é inábil. Por isso é que eu digo que há vitórias internas e desgraças externas. Em relação a anteriores reitores de grande expressão nacional, nós perdemos incomparavelmente.»

«Trabalharei no sentido de fazer afirmar a UM como grande universidade que é no plano nacional e internacional, mas que se faz respeitar pela tutela.»

«O momento é de consolidação. Esta reitoria tem trabalhado no sentido de internacionalizar a produção científica. Acho esta uma ideia grandiosa, mas nós nunca devemos desenvolver uma Universidade de pensamento único. A Universidade é feita da diversidade das suas escolas. Há culturas científicas diferentes.»


«Naturalmente, trabalharei por um colectivo de engrandecimento e de dignificação do CRUP. Qualquer Governo não pode deixar de ter nas suas políticas para o Ensino Superior a participação do CRUP. Eu não vejo o que é que o CRUP faz na definição das estratégias para o Ensino Superior. O CRUP está nas mãos da tutela. O Ensino Superior está dentro de ameias à espera de um abanão mais forte, temendo o pior, sem estratégia e sem antecipação.»

O texto integral desta quarta e última parte da entrevista ao jornal "Correio do Minho" pode ser lida aqui, no Blog de Apoio.

15.4.06

Primeira entrevista na imprensa regional (III)

«Se as eleições fossem abertas eu teria uma maioria expressiva»

Na terceira parte da entrevista, que reproduzimos a partir da edição de 13 de Abril do diário bracarense "Correio do Minho", Moisés Martins lamenta o facto de o actual reitor não ter informado a Academia sobre o fim do "UMjornal" e de ter proibido que a rede interna funcionasse como fórum de debate académico. Defendendo uma cultura de participação e debate, o candidato entende que a alteração do processo de eleição do reitor deverá prioridade absoluta.

Parte III

«Eu não tenho um projecto de afirmação pessoal dentro da Academia. A mim importa-me como académico a promoção do debate e da cultura de participação.»

«A estratégia tem que ser traçada no Senado. Nada tenho contra a ideia do Conselho Consultivo, para melhor instrução do reitor, não para esvaziar o principal órgão académico. Sobre a eleição do eleitor, que sentido é que tem eleger um reitor sem os representantes dos projectos pedagógicos e científicos, directores de departamento, directores de cursos e directores de centros de estudos?»

«Se a minha proposta é da participação, tem que ser capaz de demonstrar que sou um homem de cultura participativa. A minha campanha vai assentar no debate com os alunos, professores e funcionários. Tenho que os ouvir. Como eu convoco a Academia para uma ideia alternativa de governo desta Universidade, penso no tempo que resta propor algo que mobilize as pessoas. Os tempos de crise têm que ser ultrapassados com a participação das pessoas, não passando por cima delas.»


O texto da terceira parte pode ser lido, na íntegra, no Blog de Apoio.

14.4.06

Primeira entrevista na imprensa regional (II)

«UM viu a sua expressão pública diminuir em quatro anos»

O processo de Bolonha e a forma como a transição do actual modelo de ensino para uma articulação em três ciclos (licenciatura, mestrado e doutoramento) foram o mote principal desta segunda parte da entrevista que o "Correio do Minho" publicou na íntegra ontem, dia 13. No decurso da conversa com o jornalista José Paulo Silva, Moisés Martins explicou por que razão este foi um processo mal conduzido pela actual reitoria, sublinhando que «as áreas científicas são todas prioritárias, têm todas a mesma dignidade e a mesma importância social».

Parte II

«Bolonha é sobretudo uma alteração das práticas pedagógicas. As escolas não foram chamadas para este debate e as propostas aprovadas diria que quase nada têm a ver com a cultura de Bolonha, são afunilamentos. Esta discussão estava envenenada pela circunstância de se ligar isto ao financiamento.»

«De há anos a esta parte, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) está esvaziado, não tem uma política que se afirme diante da tutela. Não afirma nada de útil como ideia geral das universidades. O CRUP não existe publicamente. As universidades não têm uma voz colectiva. O CRUP não ajuda a tutela a fazer políticas. Um reitor como o nosso caiu como mel na sopa daqueles que pensam que uma política de esvaziamento do CRUP é coisa boa.»

«Isto é uma ideia de Academia, de centralidade académica. A Academia tem de ter um projecto que exprima a diversidade das suas escolas.»

«Esse assunto [a transição para Bolonha] não foi suficientemente cuidado porque a ideia de não aprovar segundos ciclos é mutilante para as escolas que os apresentaram. Na medida em que se puseram a funcionar primeiros ciclos, politecnicizou-se a Universidade, menos as Engenharias e a Arquitectura, que ficaram com 1º e 2º ciclos que eles chamam integrados. Não entendo por que é que a reitoria não fez esta prática com toda a Universidade.»

«Eu nunca ouvi este reitor com uma posição política forte. Em quatro anos, a UM ganhou racionalidade interna e viu a sua expressão pública diminuir. Junto da tutela, a UM perdeu força e influência, não se soube afirmar.»

O texto integral desta segunda parte pode ser lido aqui, no Blog de Apoio.

13.4.06

Primeira entrevista na imprensa regional (I)

« Reitoria da UM pratica a auto-flagelação »

O diário bracarense "Correio do Minho" publicou hoje, dia 13, uma entrevista com Moisés Martins, sobre a candidatura à reitoria da Universidade do Minho. Reproduzida em quatro páginas, a entrevista atravessou temas cruciais como a constituição da Assembleia Eleitoral, a participação da UM no Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e a adaptação da UM ao processo de uniformização do ensino no espaço europeu definido pelo acordo de Bolonha. A diminuição da expressão pública da UM e a relação da própria universidade com a sociedade civil foram também temas em destaque na primeira grande entrevista de Moisés Martins à imprensa regional.

Em quatro posts, correspondentes aos blocos em que a entrevista foi publicada, reproduzimos o texto integral editado pelo "Correio do Minho".

Parte I

«A última proposta do programa de Guimarães Rodrigues era a democratização da eleição do reitor. A UM tem 15 mil estudantes, 1500 professores, 700 ou 800 funcionários, e são cerca de 80 pessoas de um colégio restrito de representantes que votam o reitor. Veja que até os partidos políticos do poder fazem "directas".»

«Vamos falar do órgão principal da Universidade que é o Senado. O Senado define as linhas estratégicas de desenvolvimento da Universidade. Acontece que esse órgão foi completamente esvaziado de funcionalidade pela criação de um Conselho Estratégico.»

«Veja um órgão que não é estatutário, mas que era a primeira proposta desta reitoria: um Conselho de Escolas. Foi criado, mas foi completamente enviesado. Seria para auscultar as escolas, mas a lógica é completamente outra: o reitor comunica as suas decisões e entra-se em diapasão, em caixa de ressonância.»

«O Conselho Académico significa o grau zero do debate académico.»

O texto integral desta primeira parte pode ser lido aqui, no Blog de Apoio.

12.4.06

"Reinventar a Universidade"

Com um contributo para pensar a Universidade e a vida universitária, da autoria de Óscar F. Gonçalves, Professor Catedrático do Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho, abre-se neste blogue uma nova etapa. Consiste ela no debate participado sobre a Universidade de que fazemos parte.
Novos contributos certamente surgirão, e daqui incentivamos todos a, desde já, enviarem as suas reflexões, análises e propostas sobre a Universidade que queremos. É esse um dos objectivos desta candidatura à Reitoria da UM.
Óscar Gonçalves sublinha, no seu texto, quatro ideias essenciais, que constituem, do seu ponto de vista, outros tantos eixos da Universidade a reinventar:

  • o conceito de compartimentação terá que ser substituído pelo de transversalidade;
  • o pilar da hierarquização terá que dar lugar ao da horizontalidade;
  • a camisa-de-forças de um protótipo de universitário terá que ser substituída pela assunção da multiplicidade, isto é, o reconhecimento de que há vários modos de estar na academia e de que é desta diversidade que se enriquece o serviço académico.
  • a clausura provinciana terá que ser substituída pela mobilidade.
"Preocupa-me - observa, a dado passo, o catedrático de Psicologia - que grande parte da discussão que se gera em torno da necessidade de uma reforma universitária, aliás unanimemente reconhecida, se prenda com questões meramente acessórias ou mesmo circunstanciais. A transformação da universidade impõe a necessidade de construir para as raízes da sua fundamentação uma nova linguagem de modo a proporcionar aquilo que Rorty definiu como a reinvenção de uma nova utopia capaz de materializar no espaço universitário o ideário da liberdade, igualdade e fraternidade. Um novo vocabulário que assegure à universidade a sua condição de espaço livre para a criação do conhecimento e construção social".

Para ler o texto completo, clicar AQUI.

10.4.06

Mensagem aos alunos

Caros Alunos,
Com a eleição do Reitor a escassos dois meses de distância, decidi candidatar-me, por razoes que explico num Manifesto enviado aos professores e funcionários da Universidade, e de que agora vos dou nota, comunicando-vos o endereço do meu blogue de campanha, onde podeis encontrar o texto do Manifesto, assim como outra informação: http://universidadeplural.blogspot.com
Preocupa-me, é um facto, o enviesamento autoritário da Universidade, que tem hoje os seus órgãos de governo esvaziados de autoridade, em favor de uma única pessoa. E preocupa-me também que a Universidade esteja a desumanizar-se, perdendo o sentido daquilo que verdadeiramente lhe importa, os seus alunos, docentes e funcionários, assim como os seus projectos científico-pedagógicos, em favor de lógicas que lhe não são centrais, designadamente as empresariais e mercantis.
Uma Universidade é antes de mais nada ensino e investigação, pelo que o que mais lhe deve interessar são as pessoas que nela trabalham.
Preocupa-me, além disso, que a Universidade do Minho não tenha definido uma estratégia colectiva para entrar em Bolonha.
Preocupa-me, sobretudo, que a actual Reitoria se tenha fechado a discutir imediatamente a aprovação de um plano de entrada em Bolonha em dois ciclos de estudos, senão em três.
Preocupa-me, finalmente, que a Universidade do Minho tenha perdido influência e prestígio junto do Ministério da Ciência nestes últimos quatro anos.
Como é meu propósito bater-me pela promoção de uma cultura de participação efectiva na Universidade, disponho-me a discutir convosco os assuntos que vos preocupam, assim como as vossas propostas para uma ordenação participativa da nossa Academia.
Manifesto, desde já, a minha disponibilidade para discutir convosco o processo de Bolonha na RGA da próxima terça-feira, se porventura o achardes conveniente.
Ou seja, disponibilizo-me, se assim o entenderdes, para vos dar nota do modo como o processo de Bolonha foi conduzido na Universidade do Minho e também para esclarecer as dúvidas que persistam a este respeito.
As minhas melhores saudaçoes académicas,
Prof. Moisés de Lemos Martins

(Mensagem enviada para o endereço rga@aaum.pt às 12h34 de hoje)

6.4.06

"A hora das escolhas verdadeiras"

A toda a Universidade do Minho

Caros docentes, funcionários e alunos,

Com a eleição do Reitor a escassos dois meses de distância, decidi-me a trabalhar convosco no sentido de levar a exame a política de pensamento único, que há quatro anos se impõe à Universidade. Ao mesmo tempo convoquei-vos para a construção de uma alternativa.

Penso que a UM-net é lugar adequado para efectuar este debate de urgência sobre o que verdadeiramente importa à Universidade.
Mas gostaria de informar a Academia que a partir de hoje este debate passa a contar com uma plataforma de suporte, o meu blogue de campanha: http://universidadeplural.blogspot.com
Vou também utilizar, de ora em diante, o seguinte endereço electrónico: moises.uminho@gmail.com
Há quatro anos, sem outras responsabilidades académicas que as de um professor, e sem legitimidade para me dirigir aos funcionários (que com os docentes e os alunos constituem a comunidade académica), expus aos meus colegas professores, na UM-net, a minha ideia de efectiva cultura de participação na ordenação da vida universitária.

Escrevi então: «Uma Universidade é acima de tudo o seu ensino e a sua investigação. Quer isto dizer que uma Universidade são sobretudo os seus docentes e os seus alunos. Mas entenda-se, do que deveria tratar-se sempre na Universidade era de um olhar e de um pensamento superiores, um olhar e um pensamento de liberdade inteira. Do que deveria tratar-se sempre na Universidade era de um passo de dança no ensino e na investigação». [.] «Passo de dança no ensino e na investigação. Um olhar e um pensamento superiores. A autonomia universitária não é outra coisa: é a autoridade pedagógica e a autoridade científica. E não vejo como possa uma tal autoridade radicar fora das Escolas e dos seus colégios de professores».

Fiz estas considerações a propósito das anteriores eleições para a Reitoria. Manifestava a minha surpresa pelo facto de os interesses pedagógicos e científicos da nossa Academia se exprimirem tão insuficientemente na assembleia eleitoral. Surpreendia-me pelo facto de não fazerem parte dessa assembleia aqueles que representam tais interesses ao mais alto nível de responsabilidade, os Directores dos Departamentos, os Directores dos cursos de graduação e pós-graduação, assim como os Directores dos centros e núcleos de investigação. Surpreendia-me pelo facto de os Estatutos da Universidade dispensarem a generalidade dos professores (também dispensavam a generalidade dos funcionários) da afirmação de cidadania académica, que a eleição de um Reitor deve constituir, atendendo às pesadas consequências de uma decisão dessas para a vida da Universidade, seja das suas rotinas administrativas, seja da sua estratégia de desenvolvimento.

A candidatura do actual Reitor acolheu entretanto esta proposta de democratização da prática académica. E certamente empolgada pela «mestria e a leveza de um passo de dança» no ensino e na investigação, logo transpôs para o seu manifesto eleitoral o compromisso de «Promover a discussão e revisão do modelo de eleição do Reitor, no âmbito da autonomia académica». Imaginava eu que a ideia era a de melhor se exprimirem na constituição da Assembleia os interesses pedagógicos e científicos.
Mas nada disso aconteceu. Como é do conhecimento de toda a Academia, esse compromisso foi em vão. E à entrada do novo ciclo eleitoral, a Universidade, bem posta em sossego, parece não ter alternativa que não seja a de deixar àqueles que a dirigem o encargo de decidir por ela.

Caros docentes, funcionários e alunos, esta é uma hora de escolhas verdadeiras.
A Academia precisa de reverter esta situação.
Uma grande Universidade é acima de tudo o seu ensino e a sua investigação.
Quer isto dizer que uma grande Universidade são sobretudo os seus docentes, funcionários e alunos, com os seus projectos pedagógicos e científicos.
A centralidade académica que eu proponho é isto mesmo, uma Universidade que acima de tudo é ensino e investigação, radicando a autoridade pedagógica e científica nas Escolas e nos seus colégios de professores.

Moisés de Lemos Martins


Nota: Texto enviado pelo candidato para a UMNet às 00h38 de hoje

3.4.06

"Universidade e Melancolia"

Está já disponível, no blog de apoio a este diário de campanha, o texto completo de uma Oração de Sapiência feita pelo candidato a Reitor da Universidade do Minho em Maio de 2002.
Alguns excertos:
A melancolia diz o "mal" deste tempo, um tempo com os acentos em falta, ou seja, um tempo que não é finalizado por nenhum horizonte de redenção. Sofrendo deste mal do tempo, também a Universidade é melancólica. Com o mercado - o mercado financeiro e o mercado de trabalho - a ribombar fantasticamente por cima da sua cabeça, a Universidada chega de trambolhão ao plateau da notícia, sem todavia nos reservar qualquer esperança. A notícia que hoje se agita na Universidade é a da ideologia comercial: as universidades são empresas; a educação são serviços; o ensino e a investigação são oportunidades de negócios; os professores são profissionais de serviços ou consultores; os alunos são clientes. E tudo aquilo que nos é dado a mastigar, qual pastilha elástica simbólica ou gulodice de contrabando, é a promessa de um improvável êxito social: notícia é então a excelência dos cursos e dos professores, medida a excelência com meia dúzia de indicadores de uma pauta fabricada para lisonjear o próprio umbigo; notícia são os índices de procura de uma determinada instituição e as notas de entrada na Universidade; notícia são as taxas de sucesso escolar e de empregabilidade.

Afunda-se o pensamento, e com ele, é o próprio ideal académico que se afunda. Ou seja, afunda-se a Universidade a golpes de melancolia. Pela minha parte, todavia, gostaria de contrapor à melancolia, a essa sereia estética que se satisfaz em diletantismo descomprometido, o critério ético do desassossego crítico. Ou seja, vejo a Universidade como um lugar de liberdade irrestrita, como o lugar de uma democracia a vir. Acima de tudo, a Universidade encarna para mim um princípio de resistência crítica e uma força de dissidência, comandados ambos por aquilo a que Jacques Derrida (2001: 21) chama «uma justiça do pensamento». Penso que é essa, aliás, a missão da Universidade. Cabe-lhe, como finalidade última, a salvaguarda das possibilidades da (a)ventura do pensamento, ou seja, cabe-lhe fazer do ensino e da ciência uma ideia, sem a qual o presente é uma pura forma de onde se ausentou toda a potência.

2.4.06

A candidatura na Imprensa

O anúncio da candidatura de Moisés de Lemos Martins a Reitor da Universidade do Minho motivou uma série de notícias na imprensa nacional e regional.
Nos dois dias que se seguiram à revelação foram publicados textos nos seguintes diários:

Correio do Minho
Diário do Minho (acesso condicionado)
Jornal de Notícias
Público (acesso condicionado)


Com a devida vénia, transcreve-se a seguir a notícia publicada no jornal Público

Dois candidatos a reitor na Universidade do Minho

Ao contrário do que estava a esboçar-se, as eleições para a liderança da Universidade do Minho (UM), marcadas para daqui a dois meses (31 de Maio), não vão ser disputadas apenas pelo actual reitor, Guimarães Rodrigues, que confirmou há mês e meio a recandidatura.
Conforme apurou o PÚBLICO, o presidente do Instituto de Ciências Sociais, Moisés Martins, anunciou ontem, durante uma reunião do conselho das escolas da UM, que também vai avançar, em nome de um "necessário sobressalto académico e cívico".
"Candidato-me com um projecto que dê centralidade à academia e combata a política autoritária e de pensamento único instalada na UM", adiantou Moisés Martins, acusando o actual reitor de ser responsável pelo "grau zero" a que chegou o debate académico.
Por exemplo, alega, o órgão consultivo criado por Guimarães Rodrigues "sobrepõe-se" ao senado da UM, que "apenas legitima as decisões políticas ruins" do reitor, em vez de definir as "linhas estratégicas" da universidade. O mesmo sucede com o conselho das escolas. Acresce, diz ainda, que na Intranet da UM o "debate interno passou a estar impedido", circulando apenas informação institucional. A.P.
POL nº 5848 | Sábado, 1 de Abril de 2006